sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Falou e disse

A nossa língua portuguesa tem expressões pitorescas que renderiam uma boa conversa de bar. Cada uma com a sua utilidade. Tem aquelas que servem para dizer a mesma coisa, só que de um jeito diferente. Tem também as expressões muito úteis para aqueles que não querem dizer nada, ou seja, para quem só quer “chover no molhado”. “A priori” e “no âmago da questão” eram as preferidas de uma certa professora minha na faculdade. Ora, mas quem está interessado no que não está “no âmago da questão”? Melhor seria ir mesmo direto ao ponto para terminar logo aquela aula chata.

Mas a expressão que eu mais gosto, disparado, é essa: “e aí que eu me refiro”. Essa é imbatível. Embora gramaticalmente estranha (falta uma preposição ali, creio que o mais correto seria dizer "é a isso que eu me refiro", mas dessa forma perderia todo o seu encanto e a sua, com o perdão da redundância, expressão), tem o poder de encerrar qualquer conversa, qualquer discurso, porque chega justamente no ponto G do assunto em questão. Chegamos lá, não tem mais o que dizer. Tudo o que vem depois é supérfluo, o mais completo papo furado. Ouvi essa hoje no almoço. Depois disso, fez-se um silêncio retumbante no recinto.