quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Questões de gênero



Eu me divertia muito com aqueles programas de namoro do Silvio Santos, principalmente quando ele perguntava ao candidato sobre seus relacionamentos anteriores, por que não tinham dado certo. A resposta quase sempre era a mesma.
− Incompatibilidade de "gêneros".
Então talvez fosse o caso da criatura tentar alguém do mesmo gênero, pensava eu.

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Dia desses entrei no elevador com um cara que pesava mais ou menos uns 150 kg. Ele respirava com dificuldade e batia papo com um vigia fardado. Quando o gordinho desceu, alguns andares antes do térreo, o vigia comentou comigo:
− Agora tá assim, mas jogava muita bola.
Percebi que “jogar muita bola” é um atenuante para tudo. Certamente a qualidade mais valorizada em um homem quando analisado por outro homem. Ou talvez a única permitida.

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O cartunista Laerte é um dos caras mais inteligentes e respeitáveis que eu conheço. Além de fazer tirinhas geniais, de uns anos pra cá ele resolveu extrapolar a sua feminilidade, vestindo-se literalmente de mulher. Mas o mais interessante disso é que, nessa história toda, a sua preferência sexual é o que menos importa, pois só diz respeito a ele mesmo. O que fica claro é que ele desafia as diferenças de gênero para ir mais além: para que as pessoas se perguntem por que as coisas são como são. É algo que deveríamos fazer o tempo todo e fazemos tão pouco. Assisti a uma entrevista em que ele chamava atenção para o fato dos homens serem mais rígidos nesse sentido. As mulheres usam cabelo curto e roupas masculinas desde o século passado, mas ver um homem vestido de mulher hoje em dia ainda é um choque tremendo.
Em tempo: Laerte usava um vestido curto na entrevista. E as suas pernas depiladas, olha, vou te contar...

2 comentários:

  1. Genial o que tu escreves,Vitor . Continuo seguindo o teu blog, mesmo sem fazer muitos comentários. Parabéns mais uma vez ! Janete Vargas

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